segunda-feira, agosto 29, 2005

5 de Outubro de 1910


A revolução do 5 de Outubro de 1910.


Nas vésperas do 5 de Outubro de 1910 Lisboa fervilhava. A greve dos operários corticeiros continuava a provocar a maior agitação e a imobilizar os comboios. Depois de ter feito paralisar cerca de 12 000 operários, terminaria a 3 de Outubro. No dia anterior, “O Portugal” apelava à rebelião contra o governo de Sua Majestade chefiado por Teixeira de Sousa que, contrariando a vontade do rei, tinha ousado encerrar a casa do Quelhas, onde a Companhia de Jesus tinha a sede do Provincial e onde eram editados o “Novo Mensageiro do Coração de Jesus” e o “Mensageiro de Maria”. Entretanto, a visita oficial do marechal Hermes da Fonseca, presidente da República do Brasil, proporcionava aos republicanos a oportunidade para incentivar os apelos ã revolta e para enaltecer os benefícios da República. Miguel Bombarda tombaria em 3 de Outubro.

Os preparativos da revolução foram coordenados pela Comissão de Resistência, criada em 14 de Junho numa assembleia realizada na sede do Grande Oriente Lusitano. Congregava elementos da Maçonaria, da Carbonária e do Partido Republicano: Miguel Bombarda, Cândido dos Reis, Simões Raposo, Cordeiro Júnior, Francisco Grandela, Machado Santos António Maria da Silva e Martins Cardoso. Para as operações contava, na componente civil, com a impetuosidade da Carbonária, enquanto nas Forças Armadas Sá Cardoso e Hélder Ribeiro, pelo exército, e Aragão e Melo pela marinha coordenavam as ligações com os inúmeros sargentos, praças e oficiais que simpatizavam com a revolução. Em 2 de Outubro, marcou-se a revolução para a madrugada do dia 4 de Outubro de 1910, no dia seguinte dia 5 de Outubro de 1910 a revolução republicana venceu e assim nasceu a República. Pela qual e a partir de 1910 ficamos a ser governados.

Proclamada a República, importava dar resposta às grandes questões que dilaceravam o país. Internamente, era urgente dirimir, em primeiro lugar, a questão religiosa, pelo peso que a Igreja detinha na sociedade portuguesa e pelo facto de constituir o centro de todas as movimentações contrárias à República. Mas importava disciplinar, também, a agitação operária.

Enquadrada por anarco-sindicalistas, que via na República a possibilidade de alcançar o resultado para as suas reivindicações. Impunha-se serenar a oligarquia económico-financeira, receosa de qualquer movimento revolucionário. No entanto, o Programa Republicano, aprovado em 1891, em consequência das querelas que nesse período tinham oposto o partido aos socialistas, pouco peso dava às questões económicas e sociais.

Com esta primeira república foi constituído um governo provisório e Joaquim Teófilo Braga foi o primeiro Presidente.

Foi publicada ainda a primeira Constituição em 1911 e só depois é que foi eleito o Dr. Manuel de Arriaga como o primeiro Presidente da República.

Então, o último rei de Portugal D. Manuel II que se viu obrigado a exilar-se em Inglaterra onde morreu em 1932. Contudo hoje em dia está sepultado na igreja de S. Vicente de Fora em Lisboa.

Henrique Tigo

Praxe Académica


PRAXE ACADÉMICA

Lá estamos nós novamente em Outubro, com o início do ano lectivo nas universidades, é tempo de tradição - as praxes académicas.

Todos nós já ouvimos falar sobre a Praxe Académica e todos temos uma ideia mais que não seja preconcebida sobre o que são as Praxes, para uns a Praxe é uma coisa negativa para outros uma coisa bastante positiva.

Mas o que é afinal a Praxe Académica?

A Praxe Académica é um conjunto de tradições geradas entre estudantes universitários e que já há séculos vêm a ser transmitidas de geração em geração. É um modus vivendi característico dos estudantes e que enriquece a cultura lusitana com tradições criadas e desenvolvidas pelos que nos antecederam no uso da Capa e Batina. Praxe Académica é cultura herdada que nos compete a nós preservar e transmitir às próximas gerações.

A palavra Praxe tem origem na palavra grega praxis que significa a prática das tradições, dos usos e costumes. A praxis está de tal modo inserida no nosso quotidiano que quando alguém procede de certa torna só porque era esperado, devido à mecânica dos comportamentos sociais de grupos, não é raro ouvir--se dizer: «Pois... já é da Praxe,,,»,

Ao contrario do que se possa pensar a praxe não é para fazer mal ao caloiro ou gozar com ele, mas sim a praxe serve para ajudar o caloiro ou recém-chegado a Universidade a integrar-se no ambiente universitário, a criar amizades e a desenvolver laços de sólida camaradagem. É através da Praxe que o estudante desenvolve um profundo amor e orgulho pela instituição que frequenta, a sua segunda casa.

A história da Praxe remonta ao século XIV, praticada na altura pêlos clérigos monásticos, mas o seu contexto mais conhecido aparece no século XVI sob o nome de "Investidas". A Praxe, na época, era na realidade bastante dura para com os caloiros, o que a levou a ser considerada "selvagem" peia opinião popular nos finais do século XIX.

A Praxe revestiu-se historicamente de diversas formas, sofreu inúmeras transformações e chegou mesmo a estar proibida e suspensa. Após o 25 de Abril de 1974 a Universidade deixou se ver vista como um lugar sagrando, destinado a muito poucos, e assim com a democratização da Universidade, voltasse a implantar a grande tradição da Praxe Académica.

E novamente contrariando o senso comum a Praxe Académica, não existe somente na Universidade de Coimbra e varia de Universidade em Universidade.
A Praxe Académica e o seu espírito não é apenas das festas e dos copos, ela também ajuda o indivíduo a preparar-se para a futura vida profissional. Através das várias «missões impossíveis» que o caloiro tem de desempenhar, este vai-se tornando cada vez mais desinibido, habituando-se a improvisar em situações para as quais não estava preparado.

Não se pode confundir Praxe Académica com as «pseudo-praxes», executadas apenas por indivíduos ignorantes na matéria. A Praxe não pode nunca ser sinónimo de humilhação ou de actos de violência barata levados a cabo por uns quantos frustrados que não sabem o que são as tradições académicas e só usam um traje para se pavonearem na esperança de serem notados. São indivíduos destes os responsáveis pelo actual estado moribundo da verdadeira Praxe Académica que tem vindo a dar lugar a ditaduras absurdas, um pouco por todo o lado, que partem de ignorantes que desejam que a Praxe seja aquilo que lhes apetecer.

A Praxe Académica é regida por uma hierarquia (ordem decrescente): Dux (aquele individuo que tem mais matriculas da Universidade), veterano, Doutor Veterano, Doutor, Prastrano, Caloiro (aquele que acabou de entrar), contendo as actividades realizadas sempre como base o Bom Senso.

A Praxe Académica e o uso da Capa e Batina representam humildade e o respeito pelos outros.

Todo o estudante da Universidade Lusófona é obrigado quando tem a capa pelos ombros, coloca-la de forma a que qualquer tipo de insígnia não esteja visível. As dobras efectuadas são pelo n.º de matrículas realizadas na secretaria da Universidade e uma dobra a mais com significado livre para o estudante. A capa quando traçada só se pode ver preto.

O traje masculino é constituído por: Batina preta sem ser de gala ou de grilo (com 3 botões em qualquer zona e lapelas acetinadas); Calça clássica preta, com 2 ou 3 pregas, sem dobra na bainha; Gravata preta e lisa ou laço preto; Colete preto masculino, acetinado e com fivela nas costas, tecido igual ao da batina, com dois bolsos e cinco botões (no caso de uso de laço não se usa colete); Camisa branca lisa com um bolso do lado esquerdo, sem motivos, sem folhos, sem botões nos colarinhos e com botões brancos; Sapatos pretos de atacadores (estilo clássico, sem apliques metálicos, não envernizados, com o numero impar de buracos em cada lado); Meias pretas; Capa preta lisa e de estilo académico; Cinto preto; o uso do gorro é opcional; o uso do relógio só de bolso.

O traje feminino é constituído por: Camisa branca lisa, com ou sem bolso, sem botões no colarinho; Casaca preta com dois bolsos com pala (não cintada, com 3 botões no punho e 3 botões à frente); Saia preta (travada, e até 3 dedos acima do joelho, racha na zona posterior); Gravata preta lisa; collans pretas (tipo vidro ou lycra – não opacas, não podendo usar ligas); Sapatos com salto até 3 cm, lisos sem fivelas ou apliques; Capa preta lisa e de estilo Académico.

A vida Académica do estudante é feita de momentos e de recordações, podendo ser retratadas pelos distintivos, insígnias, não devendo no entanto ser colocados os emblemas sem significado a nível académico ou pessoal para o estudante, pois estes emblemas não passam de acessórios que vão contra ao que o traje académico representa a nível académico (Aos elementos de Tunas Académicas é permitido o uso de outro tipo de acessórios).

O uso de Pin’s não deverá também ser exagerado, pois o traje faz parte de uma tradição académica centenária, por isso não deve conter acessórios supérfluos.
O Traje Académico deve ser usado com orgulho, mas nunca com arrogância ou vaidade, pois este simboliza a igualdade entre todos os estudantes.A Praxe Académica tem uma mecânica inerente que, ao ser desrespeitada, acaba por culminar em verdadeiros insultos à tradição.A Praxe é dura, mas é a Praxe.
DVRA PRAXIS SED PRAXIS!

Henrique Tigo